Nem parece pecado, de tão gostoso que é...
Isabel
C S Vargas
Creio que a sociedade atual parece
estimular os pobres mortais a cometerem pecados. Não quero aqui neste texto
discorrer sobre o aspecto religioso, embora se fale em pecado. Encaro , na
realidade, como transgressão, rompimento de limites, ultrapassar o senso comum,
ou melhor, dizendo, o aceitável.
Falo
aqui, mais precisamente, da GULA. Pode o leitor pensar que brinco ao falar
nisso, mas falo seriamente, pois é algo muito utilizado pelos especialistas em marketing. A mensagem
subliminar. É isso que ocorre em grande parte das grades de programação das
emissoras. Já observou o leitor, como em toda a novela, seriado, aparecem em
profusão pessoas, famílias inteiras comendo?É refeição matinal, lanchinho, hora
do almoço, jantar. Por acaso se aperceberam de quantas vezes, após verem na TV
determinada refeição, levantaram e foram em busca de algo para comer? E aquelas
pessoas que passam o dia grudadas na televisão, sem praticar exercício físico e
ainda sendo sufocados pelos comerciais agressivos? (Uso agressivo no que tange
a quantidade dos mesmos).
Imaginemos
a carga emocional avassaladora em se tratando de crianças, alimentando-se –até
por questões de praticidade, por ser pronta- de salgadinhos, bolachinha doce, e
uma gama cada vez maior de produtos disponibilizados no mercado, com inúmeros
atrativos, brindes, sorteios, e jogados em horário nobre e/ou infantil?
Podem
até achar que há exagero de minha parte, mas as reportagens, as pesquisas mostram
o brasileiro cada vez mais obeso, crianças obesas, com colesterol, pressão
alta, e tudo em nome de que? Da ansiedade que atinge a grande maioria, por não
conseguir dar conta de todas as exigências, imposições, disfarçadas em escolhas
e que em decorrência de não saberem como lidar com a pressão psicológica se
entopem de comida, para obter algum prazer, e o que é pior, em uma sociedade
que coloca como ideal de beleza, de obtenção de status, a pessoa magra, longilínea,
elegante, mesmo que isso custe, muitas vezes, a saúde física e mental.
Isso é ou não pecado? Exigir que as
pessoas vivam sempre sendo testadas, sempre no limite?
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